domingo, 2 de janeiro de 2011

Tudo Que Você Precisa Saber Sobre O Agrônomo

Agrônomo ou Engenheiro agrônomo

"Profissional que estuda a cultura dos campos e teoria da agricultura"
Fonte: Dicionário Michaelis

O que é ser agrônomo?

Engenheiros agrônomos ou agrônomos como são conhecidos, são profissionais responsáveis por conceber e orientar a execução de trabalhos relacionados à produção agropecuária. Pesquisam e aplicam conhecimentos científicos e técnicos à agricultura, para garantir uma produção vegetal e animal racional, e lucrativa. Acompanham todo o processo de produção de alimentos de origem vegetal e animal, visando a menor custo de produção, melhor qualidade e incremento da produtividade, além da manutenção e conservação do meio ambiente.

Quais as características necessárias para ser um agrônomo?

Para essa profissão, é importante que a pessoa goste de lidar com animais e com a natureza. Tenha gosto por atividades ao ar livre. Perceba facilmente diferenças e detalhes de certas paisagens, como rochas e formações geológicas. Tenha interesse em trabalhar com plantações ou criação de animais. Sentir-se atraído pelo mundo rural. Pense em se dedicar a alguma profissão relacionada à agricultura, à exploração de recursos florestais, à pecuária, à pesca ou à silvicultura. Tenha disposição para trabalhar no campo, na natureza ou a céu aberto.

Características desejáveis:

  • atenção a detalhes
  • capacidade de adaptação a novas situações
  • capacidade de comunicação
  • capacidade de concentração
  • capacidade de decisão
  • capacidade de organização
  • capacidade de resolver problemas práticos
  • criatividade
  • curiosidade
  • facilidade para matemática
  • flexibilidade
  • gosto pela pesquisa e pelos estudos
  • gosto por atividades ao ar livre e pelo contato com a natureza
  • habilidade para trabalhar em equipe
  • interesse em construir coisas
  • interesse pelas ciências
  • interesse pelo funcionamento das coisas
  • interesse por novas técnicas e tecnologias
  • raciocínio abstrato desenvolvido
  • raciocínio espacial desenvolvido
  • senso prático

Qual a formação necessária para ser um agrônomo?

Para exercer a profissão de agrônomo ou engenheiro agrônomo é necessário o diploma de graduação em agronomia, e obter registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). O domínio do inglês e de computação são exigências comuns. Além da formação técnica de qualidade, as empresas cada vez mais demandam conhecimentos na área gerencial e valorizam conhecimentos gerais. Engenheiros devem estar sempre bem informados sobre novas tecnologias em sua área de especialização, que avançam muito rapidamente, através de constante leitura de revistas e livros especializados.

Principais atividades de um agrônomo

O agrônomo faz parte de todas as etapas da produção e comercialização dos produtos, acompanhando desde o plantio até o armazenamento e distribuição da mercadoria ou, no caso de animais, do controle de doenças, reprodução e abate.
O agrônomo planeja, auxilia e executa os serviços ligados a escolha da cultura, preparação do solo, do plantio, da adubação e da colheita.
Já na agropecuária, cuida da criação, alimento, saúde, reprodução e abate de rebanhos, bem como no combate a pragas e doenças que atacam plantações e animais.
Acompanha ainda, o transporte, o beneficiamento, a industrialização e a venda dos produtos.
Além disso, esse profissional também deve:
  • planejar e executar obras e serviços técnicos de engenharia rural, incluindo construções para fins rurais, visando a aumentar a funcionalidade das instalações e irrigação e drenagem para fins agrícolas;
  • pesquisar e implantar novas tecnologias no setor agroindustrial, incluindo beneficiamento e conservação de produtos e seu aproveitamento industrial, aproveitamento de recursos naturais e do meio ambiente, defesa e vigilância sanitária, projetos de mecânica, adubação, irrigação, colheita;
  • fiscalizar a indústria e o comércio de adubos e agrotóxicos, desenvolvendo assim projetos de .
  • cuidar da padronização e do controle de qualidade dos produtos finais.

Áreas de atuação e especialidades

  • Defesa sanitária: Prevenção de doenças da lavoura e combate às pragas;
  • Engenharia rural: Supervisão da construção de instalações rurais, como nivelamento do solo, sistemas de irrigação e drenagem;
  • Fitotecnia: controla o uso de sementes, adubos e agrotóxicos. Prevenção de doenças e pragas;
  • Agribusiness: pesquisar e orientar o uso de fertilizantes, agrotóxicos e rações. Acompanhar a safra desde o plantio até a venda;
  • Agroecologia: pesquisar meios de conservar e aumentar a fertilidade dos solos, zelar pela utilização racional da terra, água, flora e fauna;
  • Zootecnia: cuida da saúde, alimentação, reprodução e adaptação ao meio do rebanho.
Especializações: Agrotecnia, silvicultura, agrometeorologia, economia agrícola, solos, engenharia rural, entomologia, fitotecnia, parques e jardins, zootecnia, melhoramento animal e vegetal, recursos naturais e ecologia, reflorestamento, tecnologia de transformação, topografia.

Mercado de trabalho

É inevitável a necessidade de modernização dos diferentes setores da produção rural brasileira. Num País como o Brasil, de enormes regiões cultiváveis, há muito para ser pesquisado e desenvolvido no setor, o que valoriza o trabalho do Engenheiro Agrônomo.
Por outro lado, o mercado de trabalho esse profissional não tem recebido muitos investimentos por enquanto. O governo federal vem fazendo cortes significativos nos investimentos e os quadros de funcionários praticamente não vêm sendo renovados. Os efeitos no mercado de trabalho são fortes, pois o setor público - órgãos públicos ligados à agropecuária, secretarias de agricultura e administrações regionais responsáveis por parques, hortos, praças e jardins - tradicionalmente absorve boa parte dos profissionais em atividade no país. Por isso há grande evasão de estudantes das carreiras relacionadas às ciências agrícolas. No entanto, os problemas de degradação do meio ambiente e exaustão dos recursos naturais vão exigir cada vez mais a participação dos profissionais de agronomia, que encontram aí uma perspectiva de atuação junto às instituições públicas e à iniciativa privada. As melhores oportunidades estão no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina, caracterizados por grande potencial agrícola nas mãos de pequenos e médios produtores, e no Mato Grosso do Sul, que concentra a maior parte dos grandes empresários rurais e agrícolas. Indústrias processadoras de alimentos e produtoras de adubos, rações, fertilizantes, inseticidas, produtos agrícolas, matadouros, frigoríficos, bancos de crédito agrícola, cooperativas, grandes fazendas e colônias agrícolas, instituições de pesquisa e de ensino também oferecem vagas.

Curiosidades

AGRONOMIA DO FUTURO

Xico Graziano
O nascimento do ensino agrícola no Brasil remonta ao final do regime escravista. Em 1871, com a Lei do Ventre Livre, a educação dos libertos passava a ser obrigação do Estado. Ao completarem 8 anos, os filhos das escravas poderiam ser encaminhados às instituições públicas, para serem instruídos. Nesse caso, seus proprietários receberiam uma indenização de "seiscentos mil-réis". A idéia não funcionou bem, mas significou uma mudança nos valores da sociedade escravocrata.
Quem explica são Mary del Priori e Renato Venâncio, autores de recente, e ótimo, livro sobre a história da vida rural no país. Na década de 1850, o governo imperial programa uma série de medidas modernizadoras da sociedade. Na agenda educacional, proposta pela família real desde a sua chegada ao Brasil, o ensino rural se destacava. Mas demorou a sair do papel.
Abolida a escravidão e proclamada a República, aí, sim, ganham fôlego as novas idéias. Em 1901, começa a funcionar a Esalq/USP, espécie de Meca da agronomia nacional, situada em Piracicaba (SP). Antes dela, Pelotas, no Rio Grande do Sul, e Cruz das Almas, na Bahia, já iniciavam seus cursos de Agronomia. Em 1908 surge o curso de Lavras (MG); em 1910, no Rio de Janeiro; em 1918 no Ceará; em 1920, o de Viçosa (MG).
O primeiro grande dilema enfrentado pela nova profissão residia na diversificação da agricultura. Naquele período, o combate à monocultura do café polarizava as discussões. Na verdade, havia um componente político, capitaneado pelos cariocas, em face do predomínio da economia agrária paulista.
A grande crise de 1929-1930 resolveu, por linhas tortas, a pendenga. A oligarquia cafeeira se arrebentou, disponibilizando terra e recursos para alternativas de produção, como o algodão. As cidades iniciam sua forte expansão populacional, demandando alimentos. Décadas de progresso se verificam entre 1940 e 1970.
Forma-se a rede oficial de assistência técnica e extensão rural, as Emateres, espalhadas nos Estados. Em São Paulo surgem as "Casas da Lavoura". O agrônomo Fernando Costa, ministro da Agricultura, impulsiona a pesquisa agronômica e a mecanização agrícola. A agronomia vive anos de ouro. Surgem os grandes manuais da profissão.
Depois, com a industrialização, já nos anos 1970, chega momento diverso. O avanço da tecnologia exigia a especialização. Os cursos perdem seu ecletismo. Pulveriza-se a profissão, surgem novos ramos: zootecnia, tecnologia de alimentos, engenharia florestal. O mercado demanda mão-de-obra singular.
A função social do agrônomo, como promotor do desenvolvimento, cede lugar na expansão do capitalismo agrário. Empresas privadas invadem o setor educacional, rebaixando o nível de ensino. O problema estava na formação prática dos alunos: sem laboratórios adequados nem áreas experimentais, formam-se profissionais capengas.
Virou o século, tudo é passado. Hoje, existem 137 Faculdades de Agronomia pelo País afora, lançando cerca de 3.850 novos profissionais por ano no mercado de trabalho. Um verdadeiro exército de mão-de-obra qualificada no meio rural. Qual bagagem leva para a trincheira?
Thomas Kuhn, em sua famosa teoria das revoluções científicas, assinala o papel conservador dos manuais. Especialmente nas ciências naturais, os grandes livros organizam o conhecimento passado, mas nada apontam para a frente. Quando a ciência evoluía devagar, o prejuízo era pequeno. Todavia, com a chegada, nos anos 1970, da "revolução verde", velhos conceitos e práticas de agricultura foram rapidamente superados.
Na seqüência, a informática, a engenharia genética e a biotecnologia explodem a fronteira do conhecimento. O desafio do ensino universitário consiste em acompanhar a velocidade do progresso científico. Os manuais rapidamente se fossilizam.
Nesse embaraço mora o grande perigo da agronomia. É cabível perguntar: as Faculdades de Ciências Agrárias estão preparando bem os alunos para os novos tempos? Ou eles se formam estudando velhos manuais, desconectados da realidade?
Nem tanto ao céu nem tanto ao mar. Em qualquer profissão se discute semelhante dilema, entre treinar gente conectada ao mercado ou preparar profissionais visionários. Empregados ou empreendedores? Ambos?
A superação desse dilema pressupõe compreender que o novo paradigma da agropecuária não mais se centra na tecnologia. Produzir, francamente, está ficando tarefa fácil, guardadas as devidas proporções. Difícil, mesmo, é garantir renda ao produtor rural. O mercado, seletivo e rigoroso, massacra o agricultor. Mesmo com tanta tecnologia, está difícil pagar o custo da produção.
Na mitologia romana, Ceres é a deusa das plantas. Simboliza a fertilidade do campo. Se quiser continuar a venerá-la, a agronomia precisa dourá-la com as tintas do marketing rural. Aqui está a novidade, melhor dizendo, o passaporte para o futuro. Mais que saber plantar ou criar, os agricultores devem gerenciar seu negócio de forma empreendedora, competitiva. E a chave está na certificação da produção, no aprendizado das boas práticas agrícolas, na agricultura . Essa agenda, concomitante com a inovação tecnológica, necessita contaminar o ensino das ciências agrárias. Com a palavra, a universidade.

Xico Graziano, agrônomo, foi presidente do Incra (1995) e secretário da Agricultura de São Paulo (1996-98). Fonte: Estadão.

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